Documento elaborado por estudantes do Curso de Ciências Sociais da UnB, a respeito das mudanças na prova de ingresso para o Mestrado no DAN.

– Baixe o documento aqui.

Edital de seleção para o Mestrado apresentado pelo Departamento – Seleção 2011. (No site do DAN ainda não estava o edital normal, somente foi encontrado o para residentes no exterior, mas segue o mesmo processo de etapas)

Quais são as mudanças propostas pelo Departamento?

Em reuniões do colegiado de pós-graduação, em que estudantes de graduação não possuem acento como representantes discentes, o debate se calcava a respeito dos Ensaios Etnográficos. Dois argumentos estavam sendo utilizados.

i) Que o número de ensaios a serem lidos pela banca examinadora era muito extenso, chegando a quase 80 ensaios a cada processo de seleção. Para os professores participantes das bancas, esse número muito alto de ensaios a serem lidos os prejudica em suas outras atribuições enquanto Docentes da Universidade, com compromisso com o tripé da Universidade.

ii) Outro ponto que levataram é que o nível de qualidade dos ensaios lidos era muito dispare; eram poucos ensaios em nível de exelência, alguns ruins e a grande maioria em nível mediano.

Nesse sentido a proposta era que houvesse alguma forma de diminuir o número desses ensaios lidos pela banca, colocando uma etapa anterior a da apresentação dos ensaios que fosse eliminatória e classificatória, para somente depois os ensaios serem lidos. Na argumentação dos professores essa atitude seria benéfica para as/os estudantes que estavam concorrendo na prova, pois com menos ensaios para serem lidos a possibilidade do corpo docente conseguir analisar com maior cautela era maior.

No processo de construção do edital a proposta que surgiu para essa etapa eliminatória prévia a apresentação dos ensaios foi a de colocar a análise currículo, que era a última etapa nos processos anteriores e que era somente classificatória, como primeira etapa da prova. As menções obtidas ao longo da graduação seriam portanto a única forma de mensuração para a nota dessa etapa.

Contra-pontos do movimento de estudantes.

Para as/os estudantes do curso, que se organizaram para acompanhar mais de perto as mudanças propostas pelo departamento há um entendimento geral que o departamento de Antropologia esta interessado em manter sua nota 7 na avaliação da pós-graduação da CAPES. Há um receio por parte da chefia do departamento que não se consiga manter a nota por conta da mudança de perfil dos estudantes da pós ao longo dos últimos anos; houve uma diminuição no número de estudantes residentes no exterior e provindos de outras instituições de ensino, além da baixa publicação pelo corpo discente. Dessa forma as mudanças apresentadas para a prova de mestrada vêem no sentido de manter um perfil estudantil no programa de pós-graduação do departamento, que esta ligado intrinsicamente com a vivência de cada estudante.

O movimento analisa que quando se privilegia as notas que foram recebidas ao longo da graduação, sem levar em consideração as trajetórias pessoas desses sujeitos, cai-se no problema de homogenizar essas vivências e dessa forma também excluir sujeitos que tem vivências diferentes daquela que se impõe, mesmo que tenham potencialidades muitas vezes maiores para as atividades que se pretende.

A exclusão se da por:

  1. As/os estudantes que concluiram sua graduação com notas não muito elevadas, não poderão concorrer para a prova de mestrado em Antropologia na UnB em nenhum momento futuro, a não ser que retornem para a graduação e consigam limpar seu curriculo; o que não é mais possível na UnB, com a resolução do DEG do ano passado que mantêm as reprovações e menções no curriculo de estudantes da universidade.
  2. Existem pessoas que possuem diversas reprovações por não terem o hábito de estudar e levarem ‘na barriga’ como se usa na expressão popular, mas também há diversas pessoas que possuem problemas financeiros ou de tempo para conseguirem tirar boas notas; possuem filhos, as vezes mais de um emprego e nesse caso estão sendo colocados no mesmo patamar que aqueles que não têm compromisso sério com o ensino na instituição.

Para os estudantes se faz necessário que na prova haja como equilibrar essas disparidades provenientes de trajetórias multiplas existentes na universidade e que se encontram quando possuem um objetivo comum, que é de continuar seu processo de formação. Por isso é apresentada a idéia da Carta-Trajetória, e de outros elementos que avaliem também o curriculo e não somente o histórico de candidatas/os à prova.

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